Madeiras das Baterias
Qual a diferença?
Este é um assunto muito abrangente para explicarmos em poucas linhas, mas vamos tentar lhe ajudar um pouco.
Temos que analisar três fatores primordiais para a avaliação das diferenças entre as madeiras e suas sonoridades, são elas: densidade, dureza e freqüências (grave, médio e agudo), existem outros fatores importantes, mas para mim estes são os primordiais.
Vamos analisar a “santíssima trindade” das madeiras, pois tendo-as como referência, conseguiremos entender as outras.
O Maple possui bastante freqüência grave, bastante médio e pouco agudo, a sua densidade é relativamente alta assim como a sua dureza, ele soa bastante ressonante e cheio. O Maple é tão famoso e amado porque emite àquela ressonância poderosa, cheia, com um grave profundo e bem pronunciado, com bastante volume. Muito dessas “sobras” do Maple vem da freqüência média, freqüência esta que é considerada “suja”, no caso especificamente do Maple, essa “sujeira” faz muito bem ao som do tambor, que somado à sua boa densidade e dureza nos proporcionam bastante volume e projeção no som.
O Birch possui densidade e dureza um pouco inferiores ao Maple, ele possui bastante freqüência aguda (mais que o Maple), possui uma boa quantidade de freqüência grave (na maioria dos casos menos que o Maple) e muito pouca freqüência média. Essa menor presença de médios é que proporciona um som de tambor “limpo”, redondo, definido e sem muitas sobras, é por isso o Birch é tão amado por técnicos de som mundo afora, microfonou, afinou e já foi, sonzeira!
O Mogno Africano é outra madeira de referência na escala da freqüência grave, freqüência esta que prevalece pronunciadamente, o Mogno também possui uma boa quantidade de freqüências médias (menos que Maple e mais que Birch) e tem muito pouco agudo, o seu som é obviamente bem grave, cheio, bem encorpado, com volume razoavelmente mais moderado. Baseando-se nestas três madeiras, podemos traçar um paralelo entre as outras.
O Oak possui boa dureza, densidade menor que o Maple e maior que o Birch, a sua dureza nos proporciona um bom volume, boa definição de notas, o Oak também é uma madeira bem equilibrada em todas as freqüências, com menos médio do que grave e agudo;
O Beech é exatamente o meio termo entre o Maple e Birch, o Beech possui um pouco da “sobra” e sensação de volume do Maple assim como um pouco da definição “limpeza” do Birch;
Copaíba está mais para o Mogno Africano, porém pode ser mais densa e dura, possui mais veios, soa um pouco menos grave que o Mogno, mas soa mais “limpo”, a Copaíba varia muito, já vi algumas muito duras e densas (como as da Odery) e outras nem tanto, mesmo sendo oriundas da mesma floresta;
O Cedro Rosa é a madeira que mais me lembra o Mogno Africano, é bem grave, cheio, encorpado, com o volume razoavelmente mais controlado, timbre bonito e redondo;
A Imbuia possui uma aparência bem exótica, linda, com densidade e dureza parecida com o Birch, porém com uma prevalência maior de grave;
O Pinho Araucária, às vezes chamado só de Pinho ou Araucária, é uma madeira de densidade e dureza mais baixa, o volume é mais controlado, há um bom equilíbrio entre todas as frequências, mas nenhum a se destacar, o timbre com esta madeira é bem legal, principalmente nas caixas, é uma madeira boa e fácil de se trabalhar na construção de tambores;
O Marfim é a madeira que mais me lembra o Maple (no som), ela possuí boa densidade, uma dureza muito considerável, o Marfim soa cheio, com bom grave, bom volume e boas “sobras”;
A Bapeva, com o nome real e pejorativo de Goiabão, possui mais dureza e densidade que o todas as madeiras citadas até agora, a sua característica sonora está no grande volume nas notas fundamentais, o som é bem kickado, bem estalado, super definido e com frequência bem equilibradas entre grave e agudo e muito pouco médio, que faz com que o seu som soe bem limpo e resolvido;
Pra finalizar, a maior dureza, densidade ou “nobreza” das madeiras, não vai necessariamente fazer o seu tambor soar melhor, pura e simplesmente pela madeira. Acima de qualquer coisa para se ter um bom som de tambor há a necessidade de uma construção perfeita em todos os sentidos. Nada adianta o tambor ser do Maple mais nobre do mundo ou da Bubinga mais linda, se o casco não for bem colado e prensado, se ele não for bem lixado, não tiver uma fabricação esmerada em toda a sua produção. Se tiver bordas com cola ou tinta, não existirá madeira nobre no mundo que aguente, por isso, acima de tudo, a maior importância está na boa construção de um tambor como um todo, aí sim no final, com uma boa madeira você conseguirá sentir o “gosto” da madeira plenamente.
Cuidado para não cair só no papo de madeira assim ou assada, confira acima de tudo a forma de construção e controle de qualidade do casco.
RICARDO GOEDERT
BateraClube.com.br
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